A metainflamação, ou inflamação crônica de baixo grau, é uma resposta inflamatória sistêmica associada a alterações metabólicas. Embora frequentemente vinculada à obesidade, essa condição também pode ocorrer em indivíduos não obesos devido a diversos fatores. Atinge diversos órgãos e sistemas, potencializando o estresse oxidativo e, com isso, a liberação de substâncias pró-inflamatórias, sobrecarregando e atrapalhando a homeostase e o bom funcionamento do nosso organismo.

Causas da Metainflamação em Indivíduos Não Obesos:

1. Dieta Ocidental:
   ○ Descrição: O consumo de dietas ricas em gorduras saturadas, açúcares refinados e alimentos processados, ricos em conservantes, disruptores endócrinos e corantes, pode desencadear inflamação crônica, independentemente do peso corporal. Associada também a características individuais e polimorfismos, que são alterações genéticas que potencializam ou atrapalham a absorção de determinadas substâncias, intensificando o estresse oxidativo.
   ○ Evidências: Estudos demonstram que componentes de alimentos ultraprocessados, com determinados tipos de conservantes, corantes e substâncias que funcionam como disruptores endócrinos, modulam a inflamação sistêmica, afetando a saúde metabólica.
2. Sedentarismo:
   ○ Descrição: A falta de atividade física regular está associada ao aumento de marcadores inflamatórios no organismo.
   ○ Evidências: A inatividade física contribui para a inflamação crônica, aumentando o risco de doenças metabólicas.
3. Estresse Crônico:
   ○ Descrição: O estresse psicológico contínuo pode promover a liberação de hormônios e citocinas pró-inflamatórias, contribuindo para a inflamação sistêmica.
   ○ Evidências: O estresse crônico está associado à ativação de vias inflamatórias, impactando a saúde geral.
4. Distúrbios do Sono:
   ○ Descrição: A privação ou má qualidade do sono pode desencadear processos inflamatórios no corpo.
   ○ Evidências: Problemas de sono estão correlacionados com níveis elevados de marcadores inflamatórios, afetando a saúde metabólica. É durante o sono que uma série de hormônios e substâncias regulatórias são produzidas. A privação do sono age negativamente, impedindo a produção de substâncias fundamentais para o nosso organismo.
5. Disbiose Intestinal:
   ○ Descrição: Um desequilíbrio na microbiota intestinal pode promover inflamação sistêmica de baixo grau.
   ○ Evidências: Já está bem consolidado o entendimento do intestino como órgão neuroendócrino. Portanto, qualquer dano interfere na produção de hormônios, assim como nas repercussões neurológicas. Alterações na composição da microbiota, que ocorrem por uma alimentação desregulada ou uso de medicações, estão ligadas à inflamação crônica e a diversas doenças metabólicas.

Danos Potenciais da Metainflamação:

• Efeitos Intestinais:
  ○ Descrição: A inflamação crônica pode afetar a integridade da barreira intestinal, levando à disbiose, permeabilidade aumentada (“intestino permeável”) e contribuindo para condições inflamatórias intestinais. Esse estado de metainflamação pode gerar até mesmo alergias cutâneas, sintomas neurológicos como cefaleia (dor de cabeça) e contribuir para quadros de ansiedade e depressão.
  ○ Evidências: A disfunção da barreira intestinal está associada à inflamação sistêmica, a doenças intestinais e sistêmicas.
• Efeitos Neurológicos:
  ○ Descrição: A metainflamação está implicada no desenvolvimento de distúrbios neurológicos, como depressão e declínio cognitivo.
  ○ Evidências: A inflamação sistêmica de baixo grau pode afetar a função cerebral, contribuindo para doenças neurológicas, desde cefaleias e alterações no humor até mesmo para alguns tipos de demência.
• Efeitos Vasculares:
  ○ Descrição: A inflamação crônica pode levar à disfunção endotelial, aumentando o risco de doenças vasculares arteriais, venosas e linfáticas.
  ○ Evidências: A metainflamação está associada ao desenvolvimento de aterosclerose, hipertensão, tromboses e varizes.

Estratégias para Minimizar, Melhorar e Prevenir a Metainflamação:

1. Adotar uma Dieta Anti-inflamatória:
   ○ Descrição: Incluir alimentos ricos em antioxidantes e ácidos graxos ômega-3 pode reduzir a inflamação sistêmica.
   ○ Evidências: Dietas ricas em frutas, vegetais e peixes gordurosos estão associadas à redução de marcadores inflamatórios.
2. Praticar Atividade Física Regular:
   ○ Descrição: O exercício físico moderado a vigoroso ajuda a diminuir os níveis de inflamação crônica.
   ○ Evidências: A atividade física regular está correlacionada com a redução de citocinas pró-inflamatórias.
3. Gerenciar o Estresse:
   ○ Descrição: Técnicas de manejo do estresse, como meditação e terapia, podem reduzir a resposta inflamatória.
   ○ Evidências: Intervenções psicológicas estão associadas à diminuição de marcadores inflamatórios.
4. Melhorar a Qualidade do Sono:
   ○ Descrição: Garantir um sono adequado e de qualidade é essencial para a regulação da inflamação.
   ○ Evidências: A boa qualidade do sono está ligada à redução da inflamação sistêmica.
5. Manter a Saúde Intestinal:
   ○ Descrição: O consumo de probióticos e prebióticos pode promover uma microbiota saudável, reduzindo a inflamação.
   ○ Evidências: A modulação da microbiota intestinal está associada à melhora da inflamação crônica.

Considerações Finais:

A metainflamação em indivíduos não obesos é uma condição multifatorial que pode levar a diversos danos sérios e, às vezes, até mesmo irreversíveis à saúde. A adoção de um estilo de vida saudável, incluindo dieta balanceada, atividade física regular, manejo do estresse e sono adequado, é fundamental para prevenir e mitigar os efeitos dessa inflamação crônica.

Pense como uma cascata, ou como uma pilha de dominó, onde tudo está interligado, e a alteração em um único ponto irá repercutir no todo.
Não somos apenas duas pernas — somos um ser humano completo, e nossos hábitos e escolhas repercutem em todo o nosso ser.
Para isso, é imprescindível estarmos conscientes e cientes do que nossas escolhas podem causar. Este texto é para começarmos a entender e, cada vez mais, fazermos boas escolhas.